17 novembro 2007

DOS DIAS DEPOIS DO FIM

Veja,
o céu está novamente chorando.

A Beleza de luto,
caminha cabisbaixa
vestida de preto

Desfila de mãos dadas com a Dor:
é a festa da descrença
o banquete da revolta
o festim d´amargura
o velório do amor...

Vede, o sol não mais sorri
e as flores fogem fadigadas,
as crianças choram amedrontadas
com a chegada da noite eterna
que tomou o mundo inteiro
(noite da sentida ausência)

Madrugada do desespero

Não há mais amanhecer
chegada do dia
alvorecer
pois o mundo acabou ontem
e os que não tiveram a sorte de perecer
vagam com os olhos vazados
no meio dos escombros fumegantes
de seus arrasados lares

Tateiam o vácuo em vão
tentando encontrar uma face conhecida
mas só alcançam a máscara da miséria
(feita com a própria pele derretida)

Ragem os dentes e gritam
(os amaldiçoados riscados do Livro):
- Dor, ó dor, porque nos abandonastes
...............................................porque nos deixastes
................................................................................vivos?

12 novembro 2007

UM NOVO EU

Eu, que não sofria
de falta de ares
de arroubos e suspiros
de amores

Eu, duro como um prego
no madeiro
altaneiro
hoje cabisbaixo
sinto fraquejar as forças
mas ainda mantenho as poses

Quisera eu
como um pensamento
cruzar instantâneo
toda a extensão do firmamento
à fera que me rouba
os pensamentos

Monstro triste e trágico
batizo-o saudade
quisera eu...
quimera eu...

04 novembro 2007

Projeto de Samba

Projeto de Samba

Meu samba é pobre
Mas é limpinho
É cantado em desafino
É desalinho

Nasceu no asfalto
Mas subiu o morro
No cangote da morena
Que canta alto
Suspiro e sopro
Sufoco

Canta a morena
Cantinela
Ela canta o samba
O samba é dela