29 abril 2013

Diário de Viagem de um escritor bêbado - A ida


                    Embarquei em Goiânia às 14:00 horas e, por conta da excelência do trânsito de quinta-feira, só saímos  da  cidade  (pegando o caminho mais rápido, a BR-153),  lá  pelas   16:00h.   E  quando  digo  sair, efetivamente, é deixar até Aparecida para trás. Até porque tudo é um balaio só. Então este foi o começo da viagem, bem devagar, por sinal.
            Transcorremos o sul do estado e ainda não havíamos avançado grande coisa quando lá pelas 19:00 horas uma lua cheia e linda, que parecia desgarrada do céu, irrompeu praticamente ao lado da estrada: a borda do mundo era logo ali. Pensei em pegar a máquina fotográfica e registrar o momento, como outras pessoas estavam fazendo, mas o olho digital nunca consegue registrar devidamente imagem como esta, concedendo-lhe devida beleza.
Há outra verdade embutida aí: a tal máquina havia ficado na outra mala, que repousava calidamente no bagageiro. Juntamente com minha garrafinha da sorte. Já que não podia nem fotografar nem beber, resolvi guardar a imagem na memória, onde ela seria, mais cedo ou mais tarde, etilicamente assassinada.
No transcorrer da viagem, algumas coisas deviam ser observadas. Uma delas é que a divisão de espaço requer por vezes diplomacia; o encosto do banco da frente, por exemplo, devido a um mal funcionamento, escorregava para trás, vindo descansar sobre minhas pernas, nos joelhos, melhor dizendo.  Nada que um breve cutucão juntamente com um pigarro não alertasse o folgado da poltrona que estava incomodando; assim se passou quase toda uma noite em claro. De manhã, mais uma surpresa: a cortina da janela detrás não protegia exatamente minha poltrona do sol (que esgueirava-se SOMENTE para me atingir)... Hora de sacar a jaqueta do fundo da mochila e utilizá-la como guarda sol. Viu como ajeitando aqui e ali consegue se driblar os inconvenientes? Quanta inocência...  
Alguns dos mais malignos males em uma viagem dessa são os sons. Primeiro um celular filho-de-uma-pula-e-peida, daqueles que tocam com música sertaneja da mais grudenta (podia até ser pior, pensando agora... Vai que fosse funk: fodia tudo) e que nunca, jamais, saía da área de cobertura (pelo tanto que tocava, devia ter uma antena com tecnologia do inferno). Mas os piores, mais terríveis e enervantes sons que se ouve em um ônibus chacoalhando perdido no meio do nada provêm de doces e singelas criancinhas...
Crianças são solidárias. Mesmo em Minas (onde já nos encontrávamos, naquela altura). Falam juntas, riem juntas, choram (bastante) juntas. Basta uma começar que as outras seguem rapidinho. Pode parecer escroto isso vindo de um cara que tem uma paciência de Jó com os outros, principalmente as crianças, mas aquelas 17 horas foram de lascar...
Solução: Cerveja.
Abasteça-se do máximo possível de brejas ou qualquer outra birita (melhor olhar isso ANTES de embarcar: nas BR´s o comércio de álcool foi banido). O negócio é mandar tudo pela goela e aguardar o sono de Baco, que o abençoará quilômetros afora...
Se isto não funcionar, faça como diria o Giovani Iemini: vingue-se.
No meu caso, utilizei um recurso condenado pelas Nações Unidas: armas químicas. Entupi-me de todas as piores guloseimas vendidas na beira da estrada (não façam isso em casa: todo o procedimento foi efetuado por um profissional: quitutes vendidos nos estabelecimentos marginais ao caminho podem matar um ser humano comum): ovo cozido, quibe com ovo, ovo em conserva e uns picles, para dar um aroma, digamos, refinado...
Daí foi só escolher um bom livro para ler (no caso, utilizei-me do “Mulheres” do Velho Safado),  e esperar o sistema digestivo fazer a parte dele, enquanto ria à solto das pérolas do bebum mor das letras.
Risos e peidos. Não havia vingança mais ieminiana que isso... E olha que esta era só a ida. 

17 abril 2013

Lançamento de livros no SESC - GO

Programa para sexta, lançamento de livros em conjunto, coquetel incluso. É isso...

fiquemnapaz

14 abril 2013

FLIDF 2013 – Balanço do evento ou Quando encontrei uma música do Renato Russo em carne e osso


É... Tem uma cara que não posto nada por aqui, mas isso tem uma explicação bem simples: estou finalizando a nova cria, “O Etéreo ser de carbono”, um trabalho de parto de 5 anos, entre idas, vindas e alguns prêmios. Mas isso é outra estória, que vem em breve.
Fui sexta passada para “Behrsília” (rebatizei a Capital Federal assim no dia que tomei umas pingas com o M.P. Haikel na Feira do Livro de 2011, quando tomamos um porre e falamos da poesia do Nicholas; outra estória para outra hora), pois o comparsa Giovani Iemini estava desde o dia 08 de maio com um stand do Bar do Escritor na Feira do Livro do Distrito Federal, incrustada no Taguatinga Shopping.
Aterrissei por lá no começo da tarde (aproveitei a chegada para passar na casa de minha madrinha, a incrível “Di”, onde filei uma boia e botei os assuntos familiares em dia, aproveitando o carinho e hospitalidade de costume) encontrando um atônito Giovani atordoado com minha chegada desavisada, de supetão e já caindo matando. Em cinco minutos, já de livro nas mãos, soltei a coleira da língua e vendi o primeiro exemplar: literatura corpo-a-corpo, falando diretamente ao futuro leitor, exemplificando pormenores do livro, mandando um desconto por conta da casa e um autógrafo incluso no pacote, que feira de livro é para isso mesmo.
Após o espanto inicial, o guru do BDE mandou a letra de como estava indo a parada até aquele momento: o pessoal presente reclamava um pouco da divulgação, mas a estrutura encontrada era compatível com outros eventos correlacionados. Mas independente de tudo, o público deu as caras no fim de semana, lotando os corredores do lugar e proporcionando uma interação bem legal.
Fico sempre elétrico quando vejo o interesse das pessoas pelos livros: aquilo atiça a vontade dividir as experiências literárias e foi com prazer que troquei ideias com novos autores, pessoas que estavam ali de livro nas mãos, ainda tentando se jogar no espaço livre do mundo das letras, além de vários amantes da letras, leitores esporádicos, uma pá de concurseiros (quer prestar concurso, vá estudar em Brasília) e outros seres multidimensionais.
 Acredito que, por ter sido a primeira (de outras possíveis), a FLIDF tem tudo para entrar no roteiro da cidade (ou do próprio shopping, se rolar interesse). Daí, com a sequência o evento engata de vez.
O que carregar dessa nova aventura literária? Em primeiro lugar, como em todas as viagens, conhecer pessoas legais, um dos grandes baratos da existência. Destaco algumas, na impossibilidade de lembrar todas: Alaélio, o Cachorrão: um mecânico de motos-quase-macgyver-perito-na-arte-de-curtir; vizinho de stand, passamos o tempo todo atendendo clientes e contando hilariantes histórias dessa porralouquice que chamamos de vida; Márcia, da Best Whishes, um projeto de livros infantis muito interessante, mais uma parceira para a família BDE; Bicudo, uma figura pra lá de divertida, que apareceu no stand com uns desenhos muito punks e estórias idem.
Claro que fico muito agradecido a aqueles que adquiriram nossos livros e espero de coração que curtam bastante, bem como a todos que de uma forma ou outra ajudaram nestes dias de feira. Outro fator legal foi reencontrar o Heron, membro da Academia de Letras de Taguatinga e prova viva que quem quer, consegue. Do Giovani nem vou falar mais: o figura já sabe que “tamos” aí.
Foi difícil deixar a feira em plena tarde de domingo, quando ela apontava um público crescente no último dia, mas a estrada clamava a volta, pois na segunda o bicho pega em Goiânia. E foi a overdose de café e energético que tomei nas duas horas de estrada de volta que acabou lançando-me aqui, pilhado no começo da madrugada, já em casa, tomando uma esquecida cerveja e ouvindo John Frusciante mandar “Before the beginning”... É isso. Missão dada, missão cumprida.

P.S.

Ah, é... Tava esquecendo de explicar a segunda parte do título. Lá em cima, saca? Então, tava lá eu, no meio da feira, autografando um livro para um casal novo, ambos muito solícitos e simpáticos. Daí vem a pergunta de praxe (a falta que uma assistente não faz, tivesse uma, já vinha um post-it do lado, com nome e grafias corretas... mas vá lá, vida de escritor-punk-rock é assim mesmo):
Em nome de quem?
Mônica - disse a moça
Eduardo- emendou o rapaz.
Para Eduardo e Mô... Minha memória adolescente deu um tranco:
Peraí, “Eduardo e Mônica”? Igual à música? – falei animado.
É... – disseram os dois meio acanhados. Saquei na hora que deviam ouvir uma pá de piadinhas por conta da coincidência e que quase fui levado a fazer mais uma piada para o hall de encheção de saco. Tava até com uma na ponta da língua, mas acabei segurando. Só tinha uma coisa a fazer naquela situação: dei meia volta, agarrei outro volume do Bar do Escritor (Brand, o da capa “Jack Daniel´s”).
Tó, vão levar esse aqui por conta da casa – ao ver a cara meio de espanto, meio de desconfiança pela parada que os dois faziam, emendei:
É que nunca encontrei nenhuma lenda da música assim tão de perto.  

Encontrar Eduardo e Mônica em Brasília, numa feira de livro? Merecia prêmio, claro...

P.S 2

Se conseguir, depois posto fotos da parada. Fico devendo, mas quase nunca cumpro...

Fiquemnapaz