29 novembro 2009

Outra Capa

Modelos de Capa para "Jantar às 11"




Estes são alguns dos modelos de capa para meu livro de contos "Jantar às 11", premiado com a Bolsa de Publicações "Hugo de Carvalho Ramos", da União Brasileira de Escritores - GO. Já tá no forno, dependendo somente de uns ajustes para ser rodado.

Agora vai!

04 junho 2009

Gripe Literária

Acordar gripado é terrível. Com a garganta inflamada e torcicolo então, aí é pesadelo. A constipação da gripe afeta o cérebro e o pensar, a inflamação das cordas vocais te deixa afônico e sem condições de se expressar corretamente e o pescoço imóvel, apontado sempre na mesma direção ilustra muito bem aqueles que não movem o seu pensamento, que não veem outros horizontes e são habituados só com uma visão de mundo.
Junte à isso estar editorando um livro, fazendo uma monografia e estudando para provas finais. Punk, né? C´est la vie.
Aproveito que ainda é manhã madrugada e vou pagar contas na lotérica. A fila da manhã é melhor do que a da tarde e o danado do ar-condicionado não está ligado. Corria o risco de despertar a sinusite e aí é que a coisa teria tudo para desandar.
Cubro-me igual a um explorador antártico (São Shakleton, rogai por nós), com tudo a que tenho direito: blusas em dobro, gorro, um cachecol do tempo de criança, calças de moleton e pantufas. Não, melhor deixar esse negócio de pantufas só para dentro de casa. Vou de coturno. Por educação ao meu semelhante, caio na besteira de usar uma máscara clínica, daquelas de médico. Sou o último de uma fila de tamanho médio, recheada de velhinhos e aposentados. A senhora à minha frente fica me olhando meio de esgueira, meio assustada. Meu andar frankesteiniano e o tom apocalíptico dos telejornais podem ter alguma coisa com isso, deduzo. Tentando fazer uma brincadeira para animar o ambiente e diminuir seus receios, solto a máxima:
Rigidez cadavérica post mortem.
O resto da fila se abre em bandas dignas do Mar Vermelho. Sem graça com a graça que não deu certo, pago minhas obrigações e ainda faço uma fezinha. Vai que hoje é o dia?
Retorno ao meu espaço virtual, obstinado. No caminho pela cozinha, faço todas as receitas de chá que a família recolheu nos últimos trezentos anos. Enquanto as chaleiras apitam e o microondas solta faíscas, adentro o ciberespaço. Vou aproveitar que estou infectado para espalhar isso aos quatro cantos. Quero inocular este vírus em todos, lançar uma pandemia (que bem podia se iniciar aqui, em tupiquimlândia), atingir você do MSN, do Skype, do Orkut, do Facebook, dos três tipos de e-mail, dos sites e blogs afins, você que navega porque é preciso.
I have a dream! Na verdade, mais de um, mas é que a citação cai bem. Um deles é disseminar a novíssima (ok, nem tão nova assim) gripe literária. Aquela que não se trata com comprimidos ou drágeas, chazinhos da vovó ou infusões; mas com escritos reais, virtuais, ideias (com ou sem acento), incutir nos outros a vontade de ler, se informar, tornar-se crítico diante dos fatos que o cercam, que o fascinam, que o afligem.
Eu quero um País com “p” maiúsculo e que leia bastante, seja criterioso o suficiente, cidadão em suma, antenado com o mundo e cumpridor daquela velha promessa que citava o futuro.
E para isso precisamos de você. E de mim, das velhinhas das lotéricas, dos adolescentes irados, dos cidadãos desiludidos e daqueles sonhadores que ainda não jogaram a toalha, dos jogadores de futebol e das personalidades da tevê; das empregadas, dos varredores de rua, mecânicos e professores, independente da fé que professem, das...
Agora vou tomar um chá com oito mil comprimidos que minha mãe mandou avisar que estou tendo alucinações... Ou será que estou mais sóbrio que nunca?

P.S – Se alguém souber como arrumar textos em .pdf, a ajuda seria bem vinda...

06 maio 2009

A horrível sensação de ser vice

Domingo, 03 de Maio de 2009.

Estava na Bienal do Livro de Goiás, atuando no corpo-a-corpo, vendendo a Antologia do Bar do Escritor de forma guerrilheira, abordando as pessoas, oferecendo literatura, praticando a arte de escrever de forma física, full contact. Como era o último dia da feira, muita gente estava aproveitando a queda dos preços e as vendas prometiam. Os corredores cheios de visitantes, expositores fazendo contatos, leitores conferindo estantes, editores sondando escritores; estava empolgado com a possibilidade de fazer bons negócios, mas também estava com a cabeça quilômetros dali. Mais exatamente no Maracanã, onde rolava Flamengo e Botafogo. Mas como deixar a primeira participação em uma feira?
Conversei a respeito do assunto com o Jurandir Araguaia, o escritor que havia cedido o espaço para que pudesse expor meu trabalho e dos companheiros do BDE e chegamos à conclusão que a coisa mais profissional a fazer era continuar com o stand aberto, pois o evento ainda se estenderia até as 18:00 h, acabando no mesmo horário que gritos de “É campeão” estivesse nas gargantas de diferentes torcidas em diferentes estados.
Mesmo sabendo que a era a coisa certa a se fazer, ainda assim ficava com o pensamento longe, imaginando a quantas estaria a coisa. Conversava com as pessoas, apresentava os livros, mostrava diversos títulos, falava sobre os autores, enumerava a origem de cada um, mas todo momento a imagem de uma bola cruzando o espaço das traves, indo morrer gloriosamente nas redes ficava rondando a mente. Vendi cinco livros enquanto rolava o primeiro tempo e em quase todos dei uma vacilada na hora de autografar: caneta que fura página, erro de data, até o ápice que foi a troca de nome em uma dedicatória. Tenho uma habilidade natural em ser desastrado, mas assim já é demais.
Um amigo ligou durante o intervalo, tomando todas, estava alguns coqueiros pra lá de Marrakesh, mas no ritmo dos 2 x 0 do Flamengo ele atravessaria a África toda rapidinho. Imaginava isso enquanto comentava o mercado editorial para um jornalista que buscava respostas sobre o futuro da literatura contemporânea no século das comunicações instantâneas. Bom, era isso ou qualquer coisa que tivesse um título extremamente grande e que se mostrasse aparentemente culta.
Alguém de um stand próximo conseguiu descolar uma televisão e “o pobre entretenimento das massas invadiu o sagrado solo da literatura,” segundo as palavras de um poeta performático que estava presente. Aproveitei para espichar o olho e ver se conseguia alguma informação relativa ao duelo no Maraca. Em rápida sucessão, um uniforme alvinegro corria para o lado do campo, várias pessoas pulando na arquibancada. Sinal de gol. A tensão começou a se apossar do resto de pensamento que ainda tinha.
Como a imagem estava um tanto truncada, um dos presentes resolveu agir mudar a configuração da coisa. Acabou derrubando a tevê; um baque surdo no chão, algumas fagulhas no ar e dezenas de torcedores imaginando milhares de formas dar fim ao infeliz.
Voltei então para a literatura novamente. Recebi a visita do escritor e jornalista Valdivino Braz, que propôs um negócio para lá de generoso: dois por um. Minha pequena biblioteca particular saiu no lucro. O papo anarquista e amistoso me devolveu a serenidade para dar tempo ao tempo e saber do resultado mais tarde. Na verdade, cheguei até a esquecer a partida. Acontece que o velho guerreiro das letras teve que puxar o carro. Até os bárbaros vão para casa uma hora.
A ansiedade voltou para ficar, assim como o Roberto disse um dia. Perguntei a uns dois ou três passantes e nada de notícia. Foi quando vi um sujeito com um radinho de pilhas colado ao ouvido, daqueles que a gente nem acredita que exista mais. Vinheta de programa de esportes derramando-se para fora das minúsculas caixas, batata: o cara com certeza saberia do resultado. Adiantei-me com fome de informação, coração aos pulos e os ouvidos apurados para não ter que perguntar mais de uma vez (tem gente que não gosta de responder mais de uma vez, vai que fosse o caso). O elemento me olhou profundamente no fundo dos olhos e, como eu não portava nenhum adereço que demonstrasse minha filiação futebolística, arriscou: Botafogo 3x2, de virada. E saiu andando com jeito de quem estava em uma feira de livro. Na Alemanha.
A espera havia acabado, afinal. Mas a feira do livro ainda continuava, e como em um passe de mágica várias pessoas adentraram o stand ao mesmo tempo, minha atenção teve que ser toda dedicada a estes. Mesmo naquele estado bagunçado da mente ainda consegui fazer as mesmas apresentações sem demonstrar qualquer alteração no humor; um inglês em frente à rainha não teria feito melhor.
Finalmente a feira acabou, começando assim o desmonte. Juntei livros, decorações, cartões, contatos; ainda havia muita coisa a fazer, mas o corpo apresentava um cansaço descomunal. E nem mesmo o convite de um amigo botafoguense (que também estava na feira, ajudando no stand), para tomar umas cervejas às suas expensas me animava. Estava esgotado, física e mentalmente. Decidi ir direto para casa. A noite caiu rápido, e enquanto tirava as coisas do Centro de Convenções os buzinaços dos vencedores saíram das ruas principais, indo para outras paragens. Peguei aquele trânsito de domingo-tarde-da-noite, inóspito, silencioso e calmo. Menos pelos gritos do meu carona, animado com a conquista.
Mas alguma coisa ainda me encucava e não sabia o porquê. Parecia que algo não estava exatamente no lugar em que deveria estar. Foi quando parei isoladamente em um semáforo que descobri. Ao meu lado, parou uma moto, com um casal jovem. Ambos vestidos com as cores da Gávea e com uma estranha animação no rosto, que pude perceber mesmo por entre a viseira do capacete. Não resisti e disparei a pergunta para a moça que ocupava a garupa:
- Aí, quanto ficou mesmo o jogo?
- Você não viu? – o rosto dela irradiava alegria – Um jogão! 2x2 no tempo normal, pênaltis e o Mengão levou! Soltei o berro preso na garganta enquanto que no banco do carona a felicidade tomou asas. Ia começar a tirar o sarro mais pesado do planeta, cantar todas as marchinhas que sabia e as que ainda iria inventar, quando ao ver a expressão de perplexidade na face do outro (até então tão enganado com o resultado como eu), vi ali a mesma apatia que havia me corroído por mais de duas horas. A horrível sensação de ser vice. Meio sem saber o que fazer, só me ocorreu na hora de citar os versos de Djavan: “Ainda bem que sou Flamengo”.

01 maio 2009

Bienal do Livro, dia 2

Autografando



E continua autografando


Movimentação da feira



Cidade das luzes




O stand agora com o banner da Antologia do BDE.




E segue o segundo dia da Bienal. Pessoas por todos os lados, vários estudantes visitando, o público mais avisado por conta das reportagens feitas no local, os expositores um tanto mais à vontade e milhares de páginas sendo lidas por minuto. É este o intuito, a leitura.
E dentro de algumas horas, o lançamento da Antologia do BDE.
Que a Força esteja por ali, dando umas voltas e ajudando sempre que possível.

30 abril 2009

Bienal do Livro de Goiás - 2009

Antologia "Bar do Escritor" dividindo espaço com "O homem que não bebia cerveja" de Jurandir Araguaia. Literatura, teu nome é incongruência...

Com os escritores Delermando Vieira e Jurandir Araguaia



Banner descolado no patrocínio


O espaço



.




Começou ontem, 29/04, a 2ª Bienal do Livro de Goiás, onde, graças aos companheiros escritores Roberto Klotz (que indicou) e Jurandir Araguaia (que cedeu o espaço no stand), estou podendo expor a Antologia do Bar do Escritor e onde farei amanhã 01/05, o pré-lançamento desta obra, com as presenças de outros autores, como Giovani Ieminni e Larissa Marques que virão de Brasília para participar e prestigiar o evento, além de tomarmos um provável porre.


Afinal, Bar do Escritor rima com birita, não?








Acima fotos da abertura e do banner patrocinado pelo Laboratório São Pedro (merchandising mode on).

13 abril 2009

Antologia do Bar do Escritor


Esta é a capa da Antologia Bar do Escritor "Anarquia Brasileira das Letras", composta por 38 autores provindos da comunidade. São eles: Alan Nery, Anderson H, Angela Gomes, Angela Oiticica, Carlos Cruz, Cristiano Deveras, Elô Barreto, Emerson Wiskow, Filipe Celeti, Flá Perez, Giovani Iemini, Glauber Vieira Ferreira, Ivo Venarusso, Ükma, Larissa Marques, Lena Casas Novas, Leonardo Spoke, Lilly Falcão, Magmah, Maria Ligia Ueno, Matheus Costa, Me Morte, Muryel de Zoppa, Pablo Treuffar, Paulinho de Andrade, Renato Saldanha Lima, Rita Medusa, RM. Sant´Ana, Roberto Hefler, Rodrigo Domit, Ruy Villani, Sabrina Costa, Sandra Santos, Vinicius Paioli, Wilson Roberto C. Almeida e Zulmar Lopes.
A programação é de que se façam lançamentos simultâneos em várias partes do País, uma vez que há escritores do Oiapoque ao Chuí (passando pelos vários botecos espalhados no território nacional).
Em breve, novas informações sobre o lançamento.
fiquemnapaz

05 janeiro 2009

Lembranças tardias de meu último duelo


Como posso começar explicando o fim? Mesmo sendo algo que todo ser vivo saiba, cógnito ou intuitivamente, o fim não é algo com o que nos preocupamos com a devida atenção. Evitamos pensar que somos suscetíveis à falha, ao passar do tempo, ao fim de nossos dias naturais. Mas um dia, pode ser agora ou daqui a cinqüenta anos, tudo acaba. Como deveria mesmo acabar.
Sinto já que não tenho tanto sangue quanto gostaria. Os vários e repetidos golpes foram minando não somente minha resistência, como também diminuíram essa rubra reserva de vida. Isso tornou-me lento e vulnerável à ainda mais golpes. A coisa piora a cada segundo que passa, sem que possa ver uma solução, uma saída para a situação em que me encontro. Não que já não tenha me visto em uma posição inferior em outras ocasiões, mas naqueles tempos tinha não só a fé na vitória como também uma habilidade muito maior que meu oponente, o que me dava a calma necessária para aplicar-lhe um maior número de revides, salvando-me infinitas vezes da derrota.
Eu não conheço a derrota. Ainda não.
Talvez seja por isso que ela me amedronte tanto, mesmo eu não admitindo, apesar de vê-la gargalhando no fundo castanho do olhar de meu adversário, implacável e incapaz de demonstrar uma clemência que eu não suplicaria, ainda que continue posando de invulnerável, ao vê-la desfilar na conhecida voz daquele a quem combato:
- Vou vencer, até que enfim eu vou vencer!
Se ele soubesse o quão certa esta sentença está, acabaria comigo de uma só vez. Mas ainda me resta senão a força, ao menos o respeito que granjeei com meus anos de prática. Mesmo que tenha perdido meu escudo e tenha despedaçado minha espada, ainda assim já venci outras batalhas com minhas mãos nuas. Minha força e experiência, extraordinárias no passado, aos olhos de meu adversário ficam menores à cada dia que passa. Ele sabe tanto disso quanto eu.
Recuo. Ganho um tempo para respirar, mas este mesmo tempo se esgota rapidamente. Tenho que retomar a carga, retornar à luta ou estarei vencido de qualquer forma. Melhor cair em combate, que ser vencido pelo tempo. Preparo meu melhor golpe, forte o bastante para virar a maré da batalha. O único senão é que ele é muito lento e me deixa praticamente indefeso por alguns segundos. Enquanto giro minhas ensangüentadas mãos pelo ar, ele se atira para frente em uma velocidade espantosa, fruto de um golpe novo que eu desconhecia. Incrível como a mocidade aprende rápido.
Sou golpeado várias e repetidas vezes em meu flanco exposto e em uma semi-explosão do choque de corpos sou lançado ao ar em câmera lenta, enquanto minha contagem de vida rapidamente despenca para o nada. Impiedoso frente à minha sorte, indiferente ao meu destino e feliz com sua conquista, meu adversário põem-se a pular imediatamente, lançando ao ar sua comemoração pela vitória, a primeira em sua vida; minha primeira derrota... Continuo estático, olhando para meu corpo sem vida, quando ele coloca sua mão infantil em meu ombro:
- E aí Tio, vamos jogar mais uma?
Dou uma risada para meu sobrinho Daniel, nove anos, meu mais novo arqui-inimigo no vídeo-game:
- Bora, Zé-ruela. Mas agora não vou te dar mais canja não...
Reenergizado pelo poder curador do reset, tenho novamente meu poder e força para encarar o combate. Aquela primeira derrota me ensinou muita coisa. Uma delas é que não posso mais dar mole para o moleque...