Essa foi na Bienal do Livro de São Paulo. 2014, um ano
muito bom para a literatura, terrível para o futebol. Era no último dia do
evento e tanto eu quanto o Wilson R. já estávamos em “ritmo de festa” pois havíamos
vendido muitíssimo bem. No meu caso estava com os títulos “O Etéreo Ser de
Carbono” e “Jantar ás 11”, no dele, “O Homem da Capadócia”. A feira tinha sido
realmente boa. Então fazíamos assim: a cada cinco livros vendidos, a gente
escapulia para a área de alimentação e tomávamos uma cervejinha. Isso até
conseguirmos contrabandear uma caixa de isopor para dentro do stand, daí a
coisa ficou mais fácil, a gente bebia ali mesmo. E quando alguém cismava por
conta disso, a gente só mostrava a plaquinha e os livros do “Bar do Escritor” e
retrucava que estávamos “bebendo literariamente” e fazendo jus ao conteúdo dos
livros. Rolou até visita dos barnasianos (este é nosso epiteto, não confunda
com “parnasianos”) Roberto Klotz, Bárbara Leite, Cesar Veneziani e Tamara Cohen, algo que fez com que nossa
comunidade virtual por instantes ficasse mais real.
Quando já estava um pouco calibrado, vendi um dos
últimos exemplares e enquanto autografava, uma menininha veio do stand do lado –
especializado em literatura infantil e de onde a música de “Patati e Patatá”
nunca parava de tocar – e ficou parada ao lado, enquanto eu tentava caprichar
na caligrafia já desgastada. Daí ela emenda:
− Moço, o senhor é famoso?
Teve aquele meio segundo de silêncio, quando todos nos
entreolhamos, especialmente o cara que havia comprado meu livro. Nem vi quando
lasquei essa:
− Filha, no SPC e Serasa sou praticamente uma
lenda.
Uma risada paquidérmica veio do outro stand, era o pai
da garotinha que vinha com uma sacola entulhada de títulos e já foi dizendo:
− Depois dessa vou ter que comprar um livro seu!
− Se a cada merda que eu disser vender um exemplar,
saio daqui milionário.
O cara acabou me levando os dois...
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