Acordar gripado é terrível. Com a garganta inflamada e torcicolo então, aí é pesadelo. A constipação da gripe afeta o cérebro e o pensar, a inflamação das cordas vocais te deixa afônico e sem condições de se expressar corretamente e o pescoço imóvel, apontado sempre na mesma direção ilustra muito bem aqueles que não movem o seu pensamento, que não veem outros horizontes e são habituados só com uma visão de mundo.
Junte à isso estar editorando um livro, fazendo uma monografia e estudando para provas finais. Punk, né? C´est la vie.
Aproveito que ainda é manhã madrugada e vou pagar contas na lotérica. A fila da manhã é melhor do que a da tarde e o danado do ar-condicionado não está ligado. Corria o risco de despertar a sinusite e aí é que a coisa teria tudo para desandar.
Cubro-me igual a um explorador antártico (São Shakleton, rogai por nós), com tudo a que tenho direito: blusas em dobro, gorro, um cachecol do tempo de criança, calças de moleton e pantufas. Não, melhor deixar esse negócio de pantufas só para dentro de casa. Vou de coturno. Por educação ao meu semelhante, caio na besteira de usar uma máscara clínica, daquelas de médico. Sou o último de uma fila de tamanho médio, recheada de velhinhos e aposentados. A senhora à minha frente fica me olhando meio de esgueira, meio assustada. Meu andar frankesteiniano e o tom apocalíptico dos telejornais podem ter alguma coisa com isso, deduzo. Tentando fazer uma brincadeira para animar o ambiente e diminuir seus receios, solto a máxima:
− Rigidez cadavérica post mortem.
O resto da fila se abre em bandas dignas do Mar Vermelho. Sem graça com a graça que não deu certo, pago minhas obrigações e ainda faço uma fezinha. Vai que hoje é o dia?
Retorno ao meu espaço virtual, obstinado. No caminho pela cozinha, faço todas as receitas de chá que a família recolheu nos últimos trezentos anos. Enquanto as chaleiras apitam e o microondas solta faíscas, adentro o ciberespaço. Vou aproveitar que estou infectado para espalhar isso aos quatro cantos. Quero inocular este vírus em todos, lançar uma pandemia (que bem podia se iniciar aqui, em tupiquimlândia), atingir você do MSN, do Skype, do Orkut, do Facebook, dos três tipos de e-mail, dos sites e blogs afins, você que navega porque é preciso.
I have a dream! Na verdade, mais de um, mas é que a citação cai bem. Um deles é disseminar a novíssima (ok, nem tão nova assim) gripe literária. Aquela que não se trata com comprimidos ou drágeas, chazinhos da vovó ou infusões; mas com escritos reais, virtuais, ideias (com ou sem acento), incutir nos outros a vontade de ler, se informar, tornar-se crítico diante dos fatos que o cercam, que o fascinam, que o afligem.
Eu quero um País com “p” maiúsculo e que leia bastante, seja criterioso o suficiente, cidadão em suma, antenado com o mundo e cumpridor daquela velha promessa que citava o futuro.
E para isso precisamos de você. E de mim, das velhinhas das lotéricas, dos adolescentes irados, dos cidadãos desiludidos e daqueles sonhadores que ainda não jogaram a toalha, dos jogadores de futebol e das personalidades da tevê; das empregadas, dos varredores de rua, mecânicos e professores, independente da fé que professem, das...
Agora vou tomar um chá com oito mil comprimidos que minha mãe mandou avisar que estou tendo alucinações... Ou será que estou mais sóbrio que nunca?
P.S – Se alguém souber como arrumar textos em .pdf, a ajuda seria bem vinda...
Junte à isso estar editorando um livro, fazendo uma monografia e estudando para provas finais. Punk, né? C´est la vie.
Aproveito que ainda é manhã madrugada e vou pagar contas na lotérica. A fila da manhã é melhor do que a da tarde e o danado do ar-condicionado não está ligado. Corria o risco de despertar a sinusite e aí é que a coisa teria tudo para desandar.
Cubro-me igual a um explorador antártico (São Shakleton, rogai por nós), com tudo a que tenho direito: blusas em dobro, gorro, um cachecol do tempo de criança, calças de moleton e pantufas. Não, melhor deixar esse negócio de pantufas só para dentro de casa. Vou de coturno. Por educação ao meu semelhante, caio na besteira de usar uma máscara clínica, daquelas de médico. Sou o último de uma fila de tamanho médio, recheada de velhinhos e aposentados. A senhora à minha frente fica me olhando meio de esgueira, meio assustada. Meu andar frankesteiniano e o tom apocalíptico dos telejornais podem ter alguma coisa com isso, deduzo. Tentando fazer uma brincadeira para animar o ambiente e diminuir seus receios, solto a máxima:
− Rigidez cadavérica post mortem.
O resto da fila se abre em bandas dignas do Mar Vermelho. Sem graça com a graça que não deu certo, pago minhas obrigações e ainda faço uma fezinha. Vai que hoje é o dia?
Retorno ao meu espaço virtual, obstinado. No caminho pela cozinha, faço todas as receitas de chá que a família recolheu nos últimos trezentos anos. Enquanto as chaleiras apitam e o microondas solta faíscas, adentro o ciberespaço. Vou aproveitar que estou infectado para espalhar isso aos quatro cantos. Quero inocular este vírus em todos, lançar uma pandemia (que bem podia se iniciar aqui, em tupiquimlândia), atingir você do MSN, do Skype, do Orkut, do Facebook, dos três tipos de e-mail, dos sites e blogs afins, você que navega porque é preciso.
I have a dream! Na verdade, mais de um, mas é que a citação cai bem. Um deles é disseminar a novíssima (ok, nem tão nova assim) gripe literária. Aquela que não se trata com comprimidos ou drágeas, chazinhos da vovó ou infusões; mas com escritos reais, virtuais, ideias (com ou sem acento), incutir nos outros a vontade de ler, se informar, tornar-se crítico diante dos fatos que o cercam, que o fascinam, que o afligem.
Eu quero um País com “p” maiúsculo e que leia bastante, seja criterioso o suficiente, cidadão em suma, antenado com o mundo e cumpridor daquela velha promessa que citava o futuro.
E para isso precisamos de você. E de mim, das velhinhas das lotéricas, dos adolescentes irados, dos cidadãos desiludidos e daqueles sonhadores que ainda não jogaram a toalha, dos jogadores de futebol e das personalidades da tevê; das empregadas, dos varredores de rua, mecânicos e professores, independente da fé que professem, das...
Agora vou tomar um chá com oito mil comprimidos que minha mãe mandou avisar que estou tendo alucinações... Ou será que estou mais sóbrio que nunca?
P.S – Se alguém souber como arrumar textos em .pdf, a ajuda seria bem vinda...
4 comentários:
Como sempre vc com esse "toque" animal... muitos beijos.E vou avisando...EU VOLTAREI!!
Isto sim me deu satisfação... escrever o blog...sucesso!!! Muito sucesso!!!
Ótimo texto!
Mistura de crônica com literatura jornalística...rsrsrs
Abs!
Carol Sakurá
lepoeteenfleuer.blogspot.com
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