- Ok, ok... Deixem-me sentar no canto que já digo tudo. O que vou dizer pode chocar a alguns, dar nojo a outros, quem sabe até garanta a pena ou o desprezo da maioria, mas sinceramente, foi algo que me aconteceu sem que tivesse a menor chance de mudar o rumo das coisas, de fazer com fosse de outra forma ou que tivesse outra conduta. E o que me faz ficar assim, corado perante vocês é saber que não poderei ao menos levantar a voz em minha defesa, pois eu mesmo tenho muita vergonha de tudo...
- Você está dizendo sobre o que lhe aconteceu todo este mês?
- Na verdade, não. Eu tinha vergonha mesmo era do que eu era. Você pode não acreditar, muitas vezes me pego tentando mentir para mim sobre isso, mas a verdade é irrefutável. Eu era o ser mais desprezível da natureza...
- Não! Então vo-você era um... um...
- Sim. Eu já fui um ser humano. Um vil caixeiro viajante de nome Gregor – e disparou a chorar. As outras baratas, em círculo, meneavam a cabeça com pena do que havia passado seu (agora) semelhante...
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